
Evolução do Princípio Inteligente

A Evolução do Princípio Inteligente é o tema central que sustenta toda a filosofia espírita. Não se trata apenas de uma crença, mas de uma conclusão lógica sobre a justiça e a sabedoria divina. A Doutrina Espírita postula que, da mesma forma que a ciência comprova a existência da matéria por seus efeitos, a realidade do princípio espiritual é demonstrada pelos resultados de sua ação: a própria inteligência e a sensibilidade humana.
Como conceber um Criador Supremo, com atributos de Sabedoria Infinita, que governa apenas sobre a matéria inerte? A ideia de uma Inteligência Suprema que cria seres pensantes, que sofrem durante uma breve existência terrena e depois são lançados ao nada, é incompatível com a noção de Perfeição Divina.
A Necessidade da Sobrevivência do Ser Pensante
Sem a sobrevivência e a imortalidade do ser pensante — o Espírito —, os sofrimentos da vida seriam uma crueldade sem objetivo por parte de Deus. É a garantia da imortalidade que confere sentido à dor e ao esforço. Por ser uma centelha divina, a ideia de perpetuidade é inata no homem. E essa perpetuidade seria completamente inútil se não fosse acompanhada de um incessante movimento de evolução.
“Poderíamos crer em um Deus infinitamente justo se Ele nos desse a consciência para nos punir, mas não a eternidade para evoluir?”
O Princípio Inteligente na Visão de Allan Kardec (Questão 607)
Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, tratou do tema de forma clara em O Livro dos Espíritos. Quando questionados sobre a origem e a trajetória inicial dos Espíritos, as entidades superiores responderam na Questão 607:
“Já não dissemos que tudo em a natureza se encadeia e tende para a unidade? Nesses seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, e individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme acabamos de dizer. É de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito.”
Esta resposta é a base do conceito de que o Espírito não surge no patamar humano. Antes de alcançar as faculdades inerentes ao homem atual, o princípio inteligente (ou mônada divina) estagia em uma série de existências que precedem o período que chamamos de humanidade. É uma longa e paciente “germinação”.
A Longa Viagem da Mônada Divina: Estágios da Evolução
O mentor Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier, e o estudioso Martins Peralva, em sua obra O Pensamento de Emmanuel, descrevem essa longa viagem feita pela mônada divina ou princípio espiritual, detalhando a ascensão pelos reinos da natureza.
Na sua fase preambular (inicial), essa mônada luminosa, que mais tarde se tornará um Espírito inteligente e consciente, é envolvida em fluidos densos, perdendo sua luminosidade original e condensando-se para iniciar a jornada.
A energia do princípio inteligente sofre transformações graduais:
1. Reino Mineral: A Condensação e Atração
Ajustando-se às vibrações dos minerais, as mônadas hibernam por milhões e milhões de anos. É o berço da vida, onde são trabalhadas nos padrões básicos da atração, preparando a base para as futuras conquistas da vida. É a fase da Energia Condensada na pedra.
2. Reino Vegetal: A Incubação da Sensação
Após o longo período mineral, o princípio inteligente migra para o campo dos vegetais. Os reinos mineral e vegetal atuam como institutos de recepção da onda criadora da vida, preparando as bases para o próximo salto. Aqui, a energia se torna incipiente, e o princípio começa a ensaiar as primeiras noções de sensação.
3. Reino Animal: O Despertar do Instinto e do Psiquismo
No reino animal, o processo acelera. O instinto trabalha o psiquismo em formação, habilitando o ser lenta e gradativamente para a fase humana. O princípio inteligente, antes apenas sensação, adquire a capacidade de perceber, reagir e aprender por reflexo, embora ainda automatizado em seus impulsos.
4. Reino Hominal: O Pensamento Contínuo e a Razão
O ingresso nas trilhas da humanidade marca a posse do pensamento contínuo. O ser elabora, em processo crescente, os valores da razão e da inteligência. O caminho da Evolução do Espírito torna-se, a partir daqui, uma questão de escolhas morais e intelectivas, não apenas de automatismos.
A Transição: Do Ser Automatizado ao Homem Racional
A transição para a humanidade é um marco monumental. Segundo André Luiz, em Evolução em Dois Mundos, o ser viaja dos organismos monocelulares aos organismos complexos em que a inteligência disciplina as células.
O ser viaja no rumo da elevada destinação que lhe foi traçada do Plano Superior, tecendo com os fios da experiência a túnica da exteriorização, segundo o molde mental que traz consigo.
Para alcançar a idade da razão, com o título de homem dotado de raciocínio e discernimento, o princípio inteligente automatizado despendeu cerca de um bilhão e meio de anos para chegar aos primórdios da época Quaternária, onde a civilização elementar (como a do sílex) começou a surgir.
Esta longa jornada culmina na construção dos centros energéticos (ou chacras), sendo o centro coronário o primeiro a ser edificado no cérebro, através da reflexão automática de sensações e impressões ao longo de éons.
O Processo de Promoção: Fora da Terra?
Emmanuel adiciona um detalhe fascinante sobre o processo de promoção do princípio espiritual do patamar animal para a racionalidade humana. Em comunicação de 1937, ele afirma:
“O macaco, tão carinhosamente estudado por Darwin… é um parente próximo das criaturas humanas, falando-se fisicamente… mas a promoção do princípio espiritual do animal à racionalidade humana se processa fora da terra, dentro de condições e aspectos que não posso vos descrever, dada a ausência de elementos analógicos para as minhas comparações.”
Isto sugere que a individualização plena do Espírito, que o torna apto a encarnar em um corpo hominídeo, pode ocorrer em outros orbes, mais adaptados para essa fase de transição. É um processo demorado, processado em vários planetas, refletindo o primarismo de nossa evolução atual.
A Contribuição de Pitágoras e a Ciência Oficial na Evolução do Espírito
A visão espírita da evolução, embora revelada pelos Espíritos, encontra ressonância em filosofias antigas e em dados da ciência moderna.
O filósofo grego Pitágoras já ensinava que:
“… a evolução material dos mundos e a evolução espiritual das almas são paralelas, concordantes, explicam-se uma pela outra. A grande alma, espalhada na Natureza, anima a substância que vibra sob seu impulso, e produz todas as formas e todos os seres.”
A Cronologia da Evolução Hominídea
O estudo científico da evolução biológica, conforme a ciência oficial (Paleontologia e Antropologia), não contradiz o panorama espírita, mas o complementa na esfera material. A Doutrina Espírita não nega a evolução biológica (Darwin), mas a complementa com a evolução espiritual (Kardec).
A ciência demonstra que o clima da Terra, amenizado no Mioceno, permitiu o surgimento de seres que evoluíram até o homem atual. A cronologia dos tipos hominídeos é longa:
- 25 milhões de anos atrás: Prevalência de um tipo símio.
- 1,5 milhão de anos atrás: Surgimento de espécies mais próximas do tipo humano.
- 550 a 200 mil anos atrás: Pitecantropos (primeiros seres que andavam de pé, cérebro pouco desenvolvido).
- Sinantropos (Homem de Pequim), com cérebro precário.
- 150 a 35 mil anos atrás: Homem de Neandertal (Homo Sapiens), com cérebro maior, mas ainda com deficiências de fala e associação de ideias.
- Mais recentes: Homus Sapiens Sapiens (“homens verdadeiros”), tipos já bem desenvolvidos.
Ao cessar o trabalho de integração dos espíritos animalizados em corpos fluídicos mais consistentes, o planeta já oferecia condições para a encarnação em homens primitivos. Estes possuíam mais lucidez e personalidade, embora fisicamente ainda estivessem fora dos padrões da humanidade atual.
A Intervenção Divina: Espíritos Degredados e a Ajuda do Alto
A caminhada do homem primitivo não ocorreu sem auxílio. Por séculos, o homem superou dificuldades, passando de nômade para a formação de tribos, regidas pela lei do mais forte. Espiritualmente, essas tribos eram ignorantes, com traços de fetichismo e adoração por superstição.
Neste ponto crucial, a humanidade necessitava de uma ajuda exterior para consolidar o progresso e fornecer diretrizes mais seguras. O auxílio do alto nunca falta.
A História de Capela: Um Degredo com Propósito
O Espírito Emmanuel narra um momento determinante na história da Terra: o degredo de Capela.
- Em um dos orbes da Constelação do Cocheiro, que havia atingido um alto ciclo evolutivo, existiam milhões de Espíritos rebeldes (teimosos no crime) que dificultavam a evolução geral.
- As Grandes Comunidades Espirituais deliberaram, então, o degredo dessas entidades para a Terra longínqua (à época, um planeta em formação).
- Jesus, o Governador Espiritual do nosso orbe, recebeu essa “turba de seres sofredores e infelizes”.
Esses espíritos degredados, embora estivessem sendo punidos com a saudade de seu mundo superior, tinham uma missão fundamental: reencarnar no seio das raças ignorantes e primitivas e, com o auxílio das falanges do Cristo, operar as últimas experiências sobre os fluidos renovadores da vida, aperfeiçoando os caracteres biológicos das raças humanas.
Importante: O Espiritismo entende que o degredo não é apenas uma punição, mas um recurso de trabalho e aprendizado, onde o sofrimento se torna ferramenta de transformação e progresso, sob a égide da misericórdia de Jesus.
O Que é a Lei do Progresso na Doutrina Espírita?
A Lei do Progresso é um dos pilares da moral espírita e está detalhadamente estudada por Allan Kardec no Capítulo VIII da 3ª Parte de O Livro dos Espíritos.
O Erro da Ideia de Degradação (Pecado Original)
A Doutrina Espírita se contrapõe à visão teológica tradicional de que o homem foi criado justo e feliz, mas se degradou pelo “pecado original”. Ao contrário, o Espiritismo afirma que o progresso é uma lei natural e incessante cuja ação se faz sentir em tudo no Universo, desde o átomo até o anjo.
O homem não pode retrogradar ao estado inicial. Ele está destinado a progredir constantemente.
Os Dois Tipos de Progresso: Intelectual e Moral
O progresso se manifesta em duas vertentes, que nem sempre caminham juntas:
- Progresso Intelectual: Permite ao Espírito distinguir o bem do mal, aumentar o seu conhecimento e escolher o caminho a seguir. Isso aumenta a responsabilidade.
- Progresso Moral: É a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos, que só virá após o progresso intelectual.
A humanidade, em seu imediatismo, tende a valorizar mais o intelecto. Por isso, a civilização é ainda incompleta: tudo o que é criação do homem imperfeito denota instabilidade.
A civilização completa só será uma consequência do desenvolvimento moral, quando o homem tiver banido os vícios e viver na prática plena da caridade cristã (Amor).
Os Maiores Obstáculos ao Progresso Espiritual
Embora o homem não possa paralisar o progresso, ele pode dificultá-lo, e por isso é punido pela própria Lei (o sofrimento é pedagógico). Os maiores freios à ascensão são:
- O Orgulho: A exaltação excessiva do “eu” e a arrogância intelectual.
- O Egoísmo: O amor desmedido aos próprios interesses em detrimento do próximo.
Quando um povo insiste em um progresso mais lento do que o esperado, a Providência Divina (o Criador) o sujeita a abalo físico ou moral (guerras, catástrofes, crises) que o força à transformação e ao despertar.
A Força Que Move Tudo: A Síntese do Amor na Evolução
A síntese de todo o processo evolutivo repousa no Amor. O ser eterno, emanação divina, transforma-se em “alma vivente” organizada para sua própria edificação.
O Amor se manifesta em diferentes níveis na escala ascensional:
O Amor é a base da evolução em todos os aspectos, desde o “Fiat lux” até o momento sublime do retorno do ser ao Criador em bases de afinidade, quando o Espírito passa de filho de Deus (em potencial) a Filho de Deus (em plenitude).
A Doutrina Espírita, ao reviver a moral cristã e dar ao homem a compreensão clara da vida futura (reencarnação), destrói o materialismo e contribui ativamente com o progresso da Humanidade.
A nós, espíritas e estudantes, cabe o dever de ampliar esse entendimento, vivenciando, em nosso cotidiano, o amor e a caridade que já conhecemos.
FAQ: Perguntas Frequentes Sobre a Evolução Espírita
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O que é o Princípio Inteligente (PI) na Doutrina Espírita?
O Princípio Inteligente (PI) é a parte do Princípio Universal que, quando individualizada e dotada de um envoltório fluídico (o perispírito), se torna o Espírito. É a centelha divina que evolui desde as formas mais rudimentares da natureza (mineral, vegetal) até alcançar a angelitude, o estágio de perfeição relativa.
A Evolução do Espírito é Contrária à Teoria de Darwin?
Não. A Doutrina Espírita complementa a teoria de Darwin. O Espiritismo aceita a evolução das formas (evolução biológica ou material) e a complementa com a evolução espiritual. Enquanto Darwin explica como o corpo se adapta, Kardec explica como o Princípio Inteligente se desenvolve através e acima dessas formas.
A Mônada Divina pode retroceder na escala evolutiva?
Não. O progresso é uma lei natural e incessante, conforme a Lei do Progresso. O Espírito pode estagnar temporariamente ou retardar seu avanço através de más escolhas (o que resulta em sofrimento), mas ele não pode retrogradar aos estágios inferiores já superados (por exemplo, de homem para animal).
O que é o “Degredo de Capela” no Espiritismo?
O Degredo de Capela é a narrativa, transmitida por Emmanuel, sobre a vinda de Espíritos de um orbe avançado (Capela, na Constelação do Cocheiro) para a Terra primitiva. Esses Espíritos, teimosos no mal e rebeldes, foram exilados para reencarnar no nosso planeta, trazendo consigo, no entanto, conhecimento e inteligência que ajudaram a alavancar a evolução das raças humanas.

Sou Hailton Souza, contador aposentado, médium e apaixonado pelo Espiritismo desde sempre. Criei esse blog pra compartilhar um pouco do que aprendi ao longo da vida sobre espiritualidade, mediunidade, e também sobre um tema que sempre me fascinou: a ufologia. Aqui, falo com o coração, misturando vivência, estudo e curiosidade, na esperança de ajudar quem também está em busca de entender mais sobre esses assuntos — sempre com a visão espírita como base.





















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