As Três Revelações: Moisés, Jesus e o Espiritismo

O que são as três revelações?

O termo revelar, do latim revelare, significa literalmente “tirar o véu”, ou seja, tornar visível o que estava oculto. Figurativamente, indica descobrir ou dar a conhecer algo que antes era secreto ou desconhecido. No contexto religioso, a revelação diz respeito às verdades espirituais que o homem não pode descobrir sozinho, seja pela inteligência ou pelos sentidos, sendo comunicadas por Deus a homens escolhidos, chamados profetas ou messias.

Todas as religiões apresentam reveladores adequados ao seu tempo, cultura e estágio evolutivo do povo. Segundo Allan Kardec, em A Gênese (cap. I), três grandes revelações marcaram a história da humanidade: a primeira por Moisés, a segunda por Jesus e a terceira, pelo Espiritismo.

Como enfatiza Emmanuel em O Consolador:

“Até agora a Humanidade da era cristã recebeu a grande Revelação em três aspectos essenciais: Moisés trouxe a missão da Justiça; o Evangelho, a revelação insuperável do Amor e o Espiritismo, em sua feição de Cristianismo redivivo, traz, por sua vez, a sublime tarefa da Verdade.”

Estas três revelações não se contradizem; pelo contrário, cada uma complementa a anterior, refletindo o progresso moral e intelectual da humanidade.

Primeira Revelação: Moisés

Moisés, o Legislador e Profeta

Moisés revelou ao homem a existência de um Deus único, soberano e orientador de todas as coisas. Ele promulgou a Lei do Sinai, lançando as bases da verdadeira fé e estabelecendo normas que guiariam o comportamento humano. Como legislador, Moisés conduziu o povo hebreu, purificando a fé primitiva e preparando-a para espalhar-se sobre a Terra.

Segundo Emmanuel:

“Moisés trazia consigo as mais elevadas faculdades mediúnicas, apesar de suas características de legislador humano. É inconcebível que o grande missionário dos judeus e da Humanidade pudesse ouvir o espírito de Deus. Estais, porém habilitados a compreender que a Lei, ou a base da Lei (os Dez Mandamentos), foi-lhe ditada pelos emissários de Jesus. Examinando-se os seus atos enérgicos de homem, há a considerar as características da época em que se verificou sua grande tarefa. Com expressões diversas, o grande enviado não poderia dar conta exata de suas preciosas obrigações, em face da Humanidade ignorante e materialista.”

A Lei Mosaica

A Lei Mosaica possui duas dimensões:

Lei divina – promulgada por Deus no Monte Sinai, imutável e universal.
Lei civil ou disciplinar – estabelecida por Moisés para adaptar-se ao caráter e costumes do povo hebreu, sendo temporária e ajustável ao contexto social.

Como observa André Luiz em Evolução em Dois Mundos:

“Os Dez Mandamentos recebidos mediunicamente pelo profeta brilham ainda hoje por alicerce de luz na edificação do Direito, dentro da ordem social.”

Quadro 1 – Os Dez Mandamentos

Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito…
Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão.
Lembra-te de santificar o dia de sábado.
Honrarás a teu pai e a tua mãe…
Não matarás.
Não cometerás adultério.
Não furtarás.
Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
Não desejarás a mulher do próximo.
Não cobiçarás a casa do teu próximo…
(Fonte: [ESE – cap. I])

Segunda Revelação: Jesus

O Cristo e a Revelação do Amor

A segunda grande revelação foi Jesus, que trouxe uma concepção totalmente nova de Deus e da moralidade. Ele não se limitou a templos, rituais ou hierarquias; apresentou o conhecimento enobrecido da vida e da alma humana.

André Luiz em Evolução em Dois Mundos afirma:

“Com Jesus, a religião, como sistema educativo, alcança eminência inimaginável. Nem templos de pedras, nem rituais. Nem hierarquias efêmeras, nem avanço ao poder humano. O Mestre desaferrolha as arcas do conhecimento enobrecido e distribui-lhe os tesouros.”

Segundo Allan Kardec, Jesus preservou o que era eterno na Lei Mosaica e rejeitou o que era transitório, acrescentando revelações sobre a vida futura, penas e recompensas após a morte, além de transformar a concepção divina: de um Deus vingativo e ciumento, para um Deus clemente, misericordioso e justo.

Quem é Jesus?

Emmanuel esclarece:

“De forma alguma poderíamos fazer um estudo minucioso da psicologia de Jesus, por nos faltar maturidade espiritual para tanto.”

Jesus foi o enviado de Deus, representante do Pai junto à humanidade, único Espírito Puro a encarnar na Terra. Atuou como modelo e guia para a humanidade, acompanhado a formação do planeta e o desenvolvimento espiritual da humanidade.

Os Evangelhos e suas particularidades

A Mensagem Cristã está nos quatro evangelhos, nas epístolas e nos Atos dos Apóstolos. Alguns relatos, como a Tentação no Deserto ou a expulsão dos vendilhões, não resistem à análise racional. Segundo Kardec, isso não diminui o valor moral da obra, mas evidencia:

Adulterações involuntárias – Jesus não escreveu; relatos vieram de testemunhas posteriores.
Enxertos dos evangelistas – Passagens foram acrescentadas para provar que Jesus era o Messias.
Adulterações posteriores da Igreja – Ideias foram inseridas posteriormente para justificar dogmas e sacramentos.

Terceira Revelação: Espiritismo

O Espiritismo como Consolador Prometido

O Espiritismo é a terceira grande revelação, cumprindo a promessa de Jesus:

“Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador, para que fique eternamente convosco, o Espírito da Verdade…” (João XIV:15-17,26)

Segundo Allan Kardec, o Espiritismo:

“Vem, no tempo assinalado, cumprir a promessa do Cristo. Ele chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas, fazendo compreender o que o Cristo só disse em parábolas. O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos porque ele fala sem figuras e alegorias.”

Assim como Jesus não aboliu a Lei Mosaica, o Espiritismo não derroga a Lei Cristã, mas a complementa, ensinando aquilo que a humanidade ainda não podia compreender.

Características da Revelação Espírita

Estruturação Coletiva – Diferente das revelações individuais de Moisés e Jesus, o Espiritismo surgiu simultaneamente em milhares de pontos, sendo coletivo e acessível a todos.
Origem Humano-Espiritual – É fruto de ensino mediúnico superior, mas também do trabalho de espíritas dedicados.
Caráter Progressivo – Apoiado em fatos, evolui com o progresso científico e moral, sempre aceitando novas descobertas:

“Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado…” (Gênese – cap. I, it 55)

O Espiritismo, portanto, é uma revelação de razão e de coração, capaz de unir fé e lógica, moral e ciência, ensinando a verdade de forma clara e progressiva.

Conclusão: A continuidade da Revelação

As três revelações — Moisés, Jesus e o Espiritismo — representam etapas do desenvolvimento moral e espiritual da humanidade. Cada uma cumpre um papel específico:

Moisés – Justiça e Lei moral.
Jesus – Amor e misericórdia.
Espiritismo – Verdade, esclarecimento e progresso contínuo.

Elas não se substituem, mas se complementam, mostrando a evolução gradual da espiritualidade humana, guiada por Deus e seus mensageiros.

Quer se aprofundar? Leia também nosso artigo sobre A Gênese segundo o Espiritismo e descubra como a Lei de Deus se revela em nossa vida cotidiana.

FAQ – Perguntas Frequentes

1. O que significa “revelação” no Espiritismo?
R: Revelação é a comunicação de verdades espirituais que o homem não pode descobrir sozinho, feita por Deus através de profetas, messias ou Espíritos superiores.

2. Por que Moisés, Jesus e o Espiritismo são considerados grandes revelações?
R: Cada um representou um estágio da evolução moral da humanidade: justiça, amor e verdade esclarecedora.

3. O Espiritismo substitui a Lei Cristã?
R: Não. O Espiritismo complementa e desenvolve a Lei Cristã, esclarecendo aquilo que a humanidade ainda não podia compreender.

4. Qual a diferença entre revelações individuais e coletiva?
R: Moisés e Jesus receberam revelações individualmente; o Espiritismo é coletivo, surgindo em diversos pontos do mundo ao mesmo tempo.

5. As revelações evoluem com o tempo?
R: Sim. A revelação espírita tem caráter progressivo, adaptando-se a novas descobertas e avanços da ciência e moralidade.